2008-07-25

Highlands - Terras Altas


Highlands - Terras Altas ou "a melhor volta de sempre" :)


Data: 4-6 Julho

Itinerário: Glasgow – Inverness – Ullapool – Durness – Thurso – John OºGroats – Inverness – Glasgow

Mapa:


Distância total:
1012 kms / 628 milhas



Relato:

Há uns anos atrás o actor e meu companheiro motociclista Ewan McGregor decidiu fazer uma viagem de mota com o seu amigo Charlie Boorman. Inicialmente eles tinham pensado ir de Londres até ao sul de Espanha, mas a ambição, aliada a uma carteira recheada e facilidade de patrocínios, fez com que dessem a volta ao mundo nas suas BMWs, partind de Inglaterra e passando pela Europa de Leste, Kazaquistão, Mongólia, Rússia, Canadá, Estados Unidos, acabando em Nova Iorque. O projecto chamou-se “Long Way Round” e deu origem a um livro e a 10 episódios televisivos.

Pouco tempo passou até que quisessem partir noutra aventura, desta vez lembraram-se de fazer o Long Way Down, começando na ponta norte do Reino Unido (em John O’Groats, na Escócia) e terminando na ponta sul de África. A esta aventura chamaram Long Way Down.

Vi os episódios do Long Way Down ainda em Portugal, numa altura em que já estava a pensar viver na Escócia. Quando eles partiram de John O’Groats, pensei: “um dia hei-de lá ir de mota!” ... nunca pensei que fosse tão cedo!


Ao planear a viagem pensei em ir directamente de Glasgow até John O’Groats. Tinha ouvido que as estradas eram boas e que “em apenas 7 horas estás lá!”

Após alguma pesquisa na Internet e de ter falado com os únicos dois escoceses que conheci que já foram até à ponta norte da Escócia, tudo indicava que as zonas interessantes se concentravam todas na costa Oeste. Um pequeno problema: li que as estradas nessa zona são todas muito estreitas, apenas passa um carro. Isso queria dizer que a velocidade teria que ser baixa... isso queria dizer que quase metade dos meus planeados 1000kms seriam feitos a cerca de 50 km/h. Visto que só tinha um fim-de-semana para esta viagem, tudo apontava que no Sábado teria que conduzir durante 10 horas, o que não me agradava muito.


Sexta-feira, dia 4 de Julho, começou comigo a carregar o equipamento na mota e a sair... para o escritório! Como sempre, só às 16h acabou a minha semana de trabalho. Daí fui direito a Inverness com a confiança de que ainda teria horas de sol suficientes para lá chegar de dia. Tive que parar pelo caminho várias vezes para meter gasolina, infelizmente esta é uma das motas com menos autonomia do mercado.

Na minha primeira paragem olhei para uma paisagem que me pareceu bonita, tirei uma foto a pensar que não iria “apanhar muito melhor que isto”.



Algum tempo de viagem depois aconteceu-me algo que não me acontecia há algum tempo – o meu queixo começou lentamente a cair à medida que a paisagem se foi tornando mais bonita até que apareceu à minha frente uma tabuleta: “Welcome to the Highlands”

Deparei-me com a seguinte paisagem:
(recomendo abrir as panorâmicas para ver a foto com uma resolução decente)






Na altura estava convencido que não seria fácil, ou sequer possível, que a paisagem podesse tornar-se mais bonita, para mim já tinha valido a pena dar toda esta volta...


Pouco antes de Inverness parei para descansar um pouco.




Lá chegado não foi fácil encontrar o hostel, aqui estão umas fotos que tirei ao andar de um lado para o outro.



O lado positivo de me ter perdido é que acabei por conhecer todos os cantos à cidade, que não é muito grande. Por isso continuo a pensar que o GPS só é bom quando uma pessoa está com pressa e não tem espírito de descoberta




Aquela coisa amarela na parte de baixo da foto seguinte é a minha menina, por trás o Hostel odne fiquei. Chama-se Bazpackers, cerca de £14/noite para quem estiver interessado. Os quartos são de 6, eles e a casa de banho são mistos.


Ainda deu para dar uma volta pela cidade antes de ir dormir, aqui estão as fotos que por lá tirei.




O bom velho MacDonalds a salvar de uma situação complicada, quando a fome aperta às 22h e tudo está fechado!


É interessante saber que estas fotos foram tiradas às 23h30m!



No dia seguinte, Sábado, acordei cedo. Às 8h estava a sair em direcção a Ullapool (ver mapa no início do post).

O dia amanheceu nublado, o que me fez amaldiçoar as previsões de “céu pouco nublado ou limpo” que tinha visto na internet.




Não demorou muito até ter entrado novamente nas zonas montanhosas e dos “lochs” ao mesmo tempo que as nuvens começaram a desaparecer.

Mais uma vez o descair do meu queixo começou a acusar o meu fascínio pela paisagem.












Chaguei a Ullapool - uma vila sem grande interesse, principalmente usada como porto de abrigo marítimo e ligação por ferry para as ilhas escocesas. Gostei do parque de campismo, não tinha sequer rede de protecção e a vista para o mar era simplesmente linda!



Continuei a volta, foi então que entrei na na zona costeira mais bonita que já vi!




Foi a partir daqui que me meti por estradas secundárias, aquelas que realmente valem a pena ver! A paisagem começou a passar mais devagar e a sensação de liberdade que só a mota pode proporcionar fez-me pensar: “se as pessoas que tanto criticam as motas soubessem...”

É para mim das melhores sensações que posso sentir!





(vale a pena abrir esta foto em ecrã inteiro, maximizar e arrastar lentamente para a esquerda)



Eu também por lá estive! :)





Em Reiff




A paisagem nesta zona era interessante, gostei das montanhas ao fundo, para onde me dirigia


Aqui está um zoom dessas montanhas!





Em Lochinver



Parque de campismo em Achmelvich...


... com uma das praias mais bonitas que já vi! Tirei a foto anterior e a seguinte do mesmo sítio.







Farol em "Point of Stoer"







Lembrei-me de fazer algo diferente, aqui vai primeiro de três vídeos espalhados pelo post!
Acho que mostra melhor que tal é conduzir nas terras altas.










Drumbeg, tal como escrito na placa :)


...e a paisagem que se podia ver dali







Perto de Unapool, finalmente de volta às estradas mais largas!




Aqui vai mais um vídeo!




A panorâmica seguinte foi tirada na mesma zona do vídeo - o lago é o mesmo que aparece no vídeo do lado direito, pouco antes de ter chegado ao porto.






A panorâmica seguinte mostra o local de que mais gostei, não só da viagem, mas dos locais que mais me impressionaram até hoje. É uma panorâmica de 180 graus que mostra um vale enorme e unicamente lindo.


Cheguei a Durness pouco depois das 18h.

As bombas de gasolina estavam fechadas. Entrei um pouco em pânico, não tinha a certeza que tivesse gasolina suficiente para chegar à próxima estação. Felizmente encontrei o responsável e lá consegui atestar. Por esta altura ainda me faltavam cerca de 200kms para chegar ao meu destino, Thurso, onde iria passar a noite. No fundo ainda teria que fazer toda a costa norte da Escócia! Decidi que isso só seria possível depois de uma boa refeição e descanso. Hora e meia depois, com a barriga cheia num restaurante com uma vista linda sobre os penhascos, continuei viagem! Um nevoiro denso tinha-se instalado, mais uma vez fiquei convencido que as paisagens interessantes tinham acabado e que a partir de agora seria uma longa e monótona estrada com uma imensidão branca à minha volta.
Não demorou muito até que o nevoeiro começasse a dissipar.


...queixo abaixo! Nunca tinha visto um espectáculo de luzes de tamanha beleza! De um lado e outro do vale havia nuvens, pelo meio delas passava um raio de sol que iluminava as montanhas do outro lado por baixo. Simplesmente deslumbrante!





Decidi então fazer mais um vídeo, desta vez para mostrar mais a estrada e menos a paisagem.





Os quilómetros seguintes foram revelaram um misto de luz/sombra deslumbrante, em parte porque as nuvens estavam mais baixas do que é habitual ver, por vezes passava perto por baixo delas, outras vezes até passava por cima, vendo o nevoeiro estender-se no vale ao meu lado.





Por cima das nuvens :)





Cheguei então à recta final do dia, os cerca de 60kms de estrada de qualidade, com boa visibilidade e curvas suaves. É uma zona praticamente deserta, aqui não há polícia nem radares, apenas uma estrada longa e uma mota... e o resto é conversa :)








Cheguei a Thurso pouco depois do Por-do-Sol. Instalei-me e fui dar uma volta para conhecer o local apenas para descobrir que não tem qualquer interesse turístico. É daquelas localidades remotas em que os habitantes pouco mais têm que fazer num Sábado à noite do que frequentar os poucos bares e dar voltas sem fim à volta do quarteirão com os seus carros kitados e som no máximo.

Tirei esta foto por volta da meia noite, enquanto olhava para o mar. Mesmo com as nuvens havia luz suficiente para ler.


Domingo amanheceu cinzento e chuvoso. Não tive ilusões, já estava à espera que assim fosse porque a meteorologia daqui só se engana para pior e tinha previsto que no Domingo estaria a chover o dia todo.

Fui visitar aquela que é realmente a ponta mais a norte da Escócia (sem contar com as ilhas) - Dunnet Head!





Daí segui até John O'Groats, a suposta localidade mais a norte da Escócia de onde o Long Way Down começou.




Ainda dei um salto até Duncansby Head, conhecida pelas colónias de aves marinhas que ali habitam. Pena as nuvens...




Daqui o dia resumiu-se a uma longa viagem até Glasgow. Algumas paisagens eram interessantes, mas com o dia nublado e depois de ter visto as paisagens maravilhosas do dia anterior, parar para tirar uma foto não pareceu valer a pena.

Hei-de voltar à costa Oeste da Escócia, para percorrer as zonas que ainda não vi.

Como sempre, hei-de aqui deixar o relato :)